quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Crônica de um jovem escritor

Era um nó na garganta do menino – isso mesmo, menino, ainda não era adulto – debruçado em sua cama, sem conseguir dormir, sem pregar os olhos. Tinha seu pensamento avoado, naquilo que lhe afligia, mas não era nada, porque se fosse já teria feito algo em seu favor Era tudo e tudo o que ele pensava era em rasgar o universo e pular nesse buraco, que tudo engolia, que tirava toda a angústia e tiraria esse nó que o impedia de gritar, que impedia o oxigênio de invadir suas vias respiratórias e aliviar aquela dor. Era esta vinda de não sei o que e, acima de tudo, não queria enfrenta-la. Não havia necessidade, não era preciso lutar com o inevitável, mas as vezes, este era, simplesmente, indefinível. Era preciso. Se não fosse assim, que seria, pois? Não seria, era isso e ponto final, feliz, feliz, não não. Desculpe-me, caso você não entenda, eu coso para dentro, não para fora, não é assim o certo? O garoto abrira o buraco da dor, com a arma de tinta e o escudo do papel, eu presumo. Nada de mais, era ele quem estava se pondo no papel, era sua vida, toda posta em letra-a-letra, e não parava de escrever, até que, sem que perceba, porque quem fazia o trabalho duro ali era a própria caneta, esta para e repousa no papel. Ele deita em sua cama, se cobre e dorme. Estava livre do nó. Desatara. Desatinara. Desamarrara. Desamara. Amara e só. 

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