Foi ao notar o velho guarda-roupa aberto, ao lado de
minha cama, que vi que não gosto de ter, aquilo que é exclusivamente meu,
aberto para qualquer um. Por isso, não esqueço, antes de tudo, de deslizar a
porta do armário, porque, metaforicamente, eu sou ele e ele sou eu. Não sei se
você conseguirá compreender a grandiosidade e a magnitude da epifania que agora
acabou de me ocorrer. Talvez, você apenas entenda que essa divagação sobre o
guarda-roupa, nada mais é que loucura e aquelas velhas história para boi
dormir. Mas pense comigo, leitor a quem tanto estimo, eu não gosto de mostrar
minhas roupas a qualquer um, minha desorganização e aquela bagunça que todos
temos dentro de nós. Seu coração, você queira ou não, é um grande guarda-roupa,
você decide aquilo que vai colocar, ou as peças de roupa que vai tirar. E antes
de tudo, ninguém pode te obrigar a arrumar seu armário. Somos sempre nós que
chegamos à conclusão que agora é hora de dobrar as roupas jogadas, tirar as
peças sujas e fazer uma grande limpeza. Sempre é bom ter alguém que te ajude,
mas lembre-se, e ouça esse conselho, que tanto demorei a compreender, não se esqueça,
que depois de arrumar tudo aquilo que está desarrumado, de fechar a porta.
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